As apostas do campeão
Dono de três medalhas Olímpicas no vôlei de praia, Emanuel Rego diz que duplas brasileiras prometem fazer bonito nos Jogos Rio 2016.
O jogador posa com a tocha Olímpica em Curitiba, sua cidade natal (Foto: Leonardo Rui/Rio 2016)
É quase impossível olhar para ele e não se lembrar de alguma defesa impressionante, da vibração depois de um ponto decisivo, de um sorriso no pódio. Eleito em junho para o hall da fama do vôlei internacional, Emanuel Rego é considerado o atleta mais vitorioso do esporte na modalidade de praia: ganhou três campeonatos mundiais, 10 temporadas do Circuito Mundial e as medalhas Olímpicas de ouro, prata e bronze. Para o Rio 2016, aposta no potencial das duplas brasileiras nas areias de Copacabana. “Alison e Bruno estão entre os favoritos, assim como Nummerdor e Varenhorst, da Holanda, e Lucena e Dalhausser, dos Estados Unidos”, diz. “Pedro e Evandro vêm logo atrás com Nicolai e Lupo, da Itália, Brouwer e Meeuwsen, da Holanda, e Samoilovs e Smedins, da Letônia. As duplas estão muito niveladas e todos têm boas chances.”
Na quinta-feira (14), o paranaense revive o espírito dos Jogos ao conduzir a tocha Olímpica em Curitiba, sua cidade natal. Foi na capital que ele começou a jogar vôlei de quadra, no Colégio Nossa Senhora Medianeira, antes de passar pelo Círculo Militar e pelo Clube Curitibano. De lá, foi convidado a participar da primeira edição do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, em 1991. “Eu era garotão e resolvi migrar para a areia”, lembra. “A modalidade estava apenas começando, mas explodiu depois de virar esporte Olímpico em Atlanta 1996.”
Confira os grupos para a primeira fase do vôlei de praia no Rio 2016.
Emanuel participou dessa e de todas as competições seguintes do vôlei de praia nos Jogos Olímpicos. Nas duas primeiras, terminou em nono lugar. Em Atenas 2004, em dupla com o jogador Ricardo, queria o ouro de qualquer jeito – e levou. Ainda com o parceiro, foi bronze em Pequim 2008 depois de perder a semifinal brasileira contra Márcio e Fábio Luiz. Em Londres 2012, ao lado de Alison, encerrou a trajetória Olímpica com a prata. Sem uma vaga para o Rio 2016, decidiu se aposentar em fevereiro, aos 42 anos. Com 1,90m e apenas 8% de gordura corporal, garante que o corpo ainda aguentaria por mais algum tempo, mas achou que era hora de se dedicar a outros projetos e será comentarista no Rio de Janeiro.
O atleta responde pela metodologia do projeto Leões do Vôlei, em Curitiba (Foto: Arquivo pessoal)
Além disso, continua como diretor-presidente do Instituto ECCE – Esporte, Cidadania, Cultura e Educação. Em 2008, o órgão desenvolveu o projeto Leões do Vôlei e passou a ensinar o esporte a alunos da rede pública municipal. Em sete anos, mais de 6.000 crianças passaram pelos 17 núcleos da iniciativa, 14 em Curitiba e outros três em Fazenda Rio Grande, na região metropolitana da cidade. Emanuel responde pela metodologia e pela proposta técnico-pedagógica. Os instrutores são os próprios professores de educação física das escolas, localizadas em áreas de risco social. “Em vez de se envolverem com drogas, por exemplo, esses jovens aprendem os valores do esporte”, aposta.
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São princípios como a gentileza, que Emanuel demonstra também fora das quadras. Muitas vezes, ele se abaixa para tirar fotos com fãs de menor estatura. Em 2004, num gesto generoso, ofereceu a medalha Olímpica de ouro conquistada em Atenas a Vanderlei Cordeiro de Lima, esportista brasileiro que liderava a maratona e foi prejudicado por um espectador que invadiu a pista. Vanderlei, que terminou com o bronze, ficou emocionado com a atitude, mas recusou.
Em casa, o filho mais velho de Emanuel, Mateus, trilha os passos do pai. Aos 18 anos, é líbero do time de quadra do Flamengo. “Mas ele deve seguir mesmo na fisioterapia, pois está muito empolgado com a faculdade”, diz o pai-coruja. O caçula Lukas, de 5 anos, também já pratica esportes. “A professora diz que vamos perder um jogador para a natação, mas a Leila afirma que lá em casa só entra atleta de vôlei”, brinca, referindo-se à segunda mulher, Leila Barros, ex-integrante da seleção brasileira.








